Angra dos Reis: mais de 800mm em janeiro de 67

A tragédia que aconteceu em Angra dos Reis nos últimos dias foi uma verdadeira tristeza. É de uma dor profunda os que os familiares devem estar sentindo, e que só eles podem descrever o que é isso. E infelizmente a região já teve outros eventos de chuvas extremas, onde em janeiro de 1967, o INMET registrou em Angra dos Reis cerca de 851,2mm, e onde naquele mês foi registrada uma chuva recorde em 24 horas de 285,6mm, causando muitos estragos na região. Em fevereiro de 1996 houve também chuvas extremamentes fortes e volumosas na região, onde segundo dados da ANA, em duas estações da cidade choveu naquele mês, totais de 858,3mm no bairro de Perequê, e 789,6mm na Vila Mambucaba, e houve também deslizamentos . Um dos fatores que potencializa as chuvas na região, além das condições atmosféricas é a topografia, ou seja o efeito do relevo causa uma intensificação das chuvas em efeito orográfico, e por exemplo na região ali próxima de Paraty no alto da serra da Bocaína chove muito, enquanto nas vertentes voltadas para o rio Paraíba chove com bem menos intensidade, ou seja essa área entre o topo da serra e o mar está muito mais suscetível a ter chuvas extremas, devido ao mecanismo das correntes ascendentes ter que subir numa altitude muito elevada para ultrapassar os morros e com isso encontra um ar mais frio e com isso se resfria e condensa, e acaba chovendo bem mais, como ocorre também no Sumaré na cidade do Rio de Janeiro. Ou seja nessa região entre o sul do RJ , litoral norte e Vale do Paraíba em SP, a grande variável de relevo com a serra do Mar a sul e a da Mantiqueira a norte criam mecanismos propícios de chuvas volumosas em situações como áreas de baixa pressão e forte termodinâmica, entre o continente e o oceano, e gradiente muito grande de pressão e temperaturas em certas ocasiões. Já estive em Paraty diversas vezes, e notei que dentro da cidade, chove bem pouco, e nas serras em volta chove muito, a explicação é a seguinte ,como Paraty fica a oeste de Ilha Grande, os ventos de SE e SO são barrados pelas serras da ilha e com isso as chuvas vindas dessa direção ou chegam bem fracas a Paraty ou sequer nem chega a chover.