sábado, 23 de janeiro de 2010

EFEITOS DAS CHUVAS ...

Ultimamente estamos vivenciando as chuvas provocando muitas calamidades especialmente no Sul e Sudeste do Brasil. E os desastres vão desde enchentes até deslizamentos e soterramentos que vem causando mortes em números assustadores. Daí o responsável por essas chuvas extremas é o El Niño que está causando um aumento no volume de chuvas. Mas o fato é o seguinte, citando como exemplo a capital paulista, a infra-estrutura , e a cidade como um todo não está preparada para se evitar no caso as enchentes, e são vários motivos. Vejam a cidade cresceu de forma estratosférica da década de 50 pra cá, com isso perdeu-se muitas áreas verdes, e a cidade com isso ganhou muito concreto e asfalto, daí com a impermeabilização do solo, as águas da chuva enchem rapidamente os córregos e rios, pois não tem pra onde a água correr, e o resultado são enchentes e alagamentos. E pra complicar tudo isso algumas pessoas desprovidas de respeito jogam lixo e entulhos nas ruas, calçadas e terrenos, e a chuva arrasta tudo esses materiais pra dentro das galerias e bueiros, que entupidos, a água da enxurrada acaba retornando e com o refluxo potencializa mais ainda os alagamentos, e que junto com o primeiro motivo que citei acaba alagando por várias horas uma região, e nem é preciso um grande volume de chuva para se ter um transtorno considerável. E um terceiro motivo para transtorno e mortes que vem acontecendo, é o crescimento desordenado, é o seguinte, com a falta de vergonha dos administradores públicos, a população carente constrói casas em morros e regiões de várzea dos rios, e o resultado é desastroso, pois em um morro a chuva faz o solo ficar muito instável, e com isso vai chegando num ponto em que a saturação é tanta, que toda terra do cume do morro acaba descendo e arrastando tudo que existe pelo caminho, e daí resulta nas imagens que vemos pela televisão como os trágicos soterramentos que vimos em Angra no começo do ano, onde um deslizamento matou dezenas de pessoas numa pousada, e na região metropolitana de SP só entre dezembro e janeiro desse ano também dezenas de pessoas já morreram por deslizamentos de encostas, ou seja aquelas pessoas teriam que ser retiradas pelo governo pois sempre vai haver esse perigo iminente, mas infelizmente os órgão públicos não estão nem um pouco preocupados nisso. A ocupação das áreas de várzea, como a região do Jd. Pantanal na capital paulista, é outro problema grave, pois o próprio nome já está dizendo pantanal, que significa que em época de cheia os rios extravasam o seu leito normal e inundam a região plana em volta, isso é um mecanismo normal da natureza, o que está errado é existir moradias nesse local, já que em toda época chuvosa haverá transbordamento de rios, a solução seria a prefeitura retirar todas essas pessoas e darem casas para morarem com conforto em outro local, mas isso infelizmente só fica no papel mesmo, pois na prática sempre irá permanecer esse problema. E se estudarmos afinco dados veremos que no passado já houve episódios também de chuvas muito intensas, e como exemplo citamos o mês de janeiro de 1929 que registrou 552,3mm na estação da Luz e 532,7mm na estação meteorológica da Av. Paulista, são dados das duas estações existentes na época na capital e mostram que tecnicamente o janeiro de 1929 foi o mais chuvoso da história de São Paulo, ainda não superando o desse ano. E a enchente de janeiro de 1929 foi uma calamidade, recorde histórico, onde vejam a palavra de morador na época: " Em 1929, todo o vale do Rio Pinheiros foi inundado e as águas chegaram até a rua Iguatemi, hoje Avenida Faria Lima. O clube ficou todo coberto. A água chegou a 1 metro, 1,20 dentro da minha casa”. Essa informação e mais fotos da enchente estão no site http://www.ecp.org.br/pdf/revista/130/revista_130_pg54_memoria.pdf , vale a pena os amigos ver. E isso, vale ressaltar que naquela época a capital ainda não era muito urbanizada, com menos de 1 milhão de pessoas e a enchente teve proporções enormes, e atualmente ocorre também volumes de chuva extremos, só que ganham dimensões bem mais trágicas pois existe muito povoamento e urbanização. E uma curiosidade é a seguinte, houve uma ampla divulgação de que agosto de 2007 foi o mais seco da história no Mirante de Santana, porém a verdade é que foi empate com agosto de 1950 que também não registrou nenhuma precipitação no Mirante, portanto agosto de 2007 foi juntamente seco com de 1950, e não o mais seco de toda série. O mesmo exemplo ,porém na cidade como um todo, é que em julho de 2008 teve 0mm no Mirante, e foi o mês mais seco na estação desde o começo das medições em 1943, mas antes desse período houveram meses de julho sem chuva nenhuma, onde na estação meteorológica da Luz o índice foi de 0mm em julho dos anos de 1896, 1902, 1916, 1924 e 1931, reparem que nesses anos não houve qualquer chuva em julho, nem sequer garoa, portanto julho de 2008 foi o mais seco do Mirante, mas não o da cidade ao longo da história.